23 de novembro de 2024
OpiniãoZ2

Dr. João Ferreira – O Soberbo

“Quatro são as manifestações que delatam o soberbo: crer que os bens que possui procedem dele mesmo; pensar que os dons gratuitamente recebidos de Deus foram merecidos por ele; jactar-se de possuir o que não tem; e —ansioso por brilhar sozinho —desprezar as demais pessoas” (São Gregório Magno, Moralia, XXXIII).

Nada há de mais atual que esta lição sobre a soberba, ainda mais nos tempos atuais.

É gritante a soberba do político em arrotar grandeza mesmo diante da própria pequenez.

De que adianta ter moedas, se faz das imoralidades um escambo diário?

De que adianta ter títulos nobres, se a lama lhe cobre a alma e a fama?

Acusa nos outros o que ele próprio, o soberbo, já fez um dia (ou mais). Trai os seus, cospe na cara dos amigos e cria o próprio bezerro de ouro para adorar. Depois, volta a abraçar os traídos para tentar mais do mesmo: poder.

O soberbo não constrói pontes; ele as destrói.

Sem oponentes, cria novos para fustigar. Lança suas maledicências e imprecações contra todos que não lhe adulam. O soberbo acha que pode tudo e que merece tudo.

Todavia, ainda há juízes, togados ou não. Há limites para todo este pandemônio (no sentido de assembleia de demônios mesmo – Dicionário Priberam). Se as caixas brancas não lhe derem fim, há um Juízo maior que o fará.

Aguardemos pelo juízo terreno ou celestial. De um dos dois, o soberbo não passará, a não ser que, humilde, reconheça que pecou e que arrependido está. Porém, se conhecemos o soberbo, ele ainda exigirá absolvição eterna, ainda que diante do Poder onisciente. Afinal, deus maior não há que o soberbo.

Canalha
Somente um canalha poderia afirmar que tentou trazer uma obra para um povo sem mexer um dedo para colocar em prática tal medida. Contudo, a política é feita, em boa parte, de canalhas. Não há nada de novo. É de dar nojo em porco.

Jogo bruto
Enquanto os cordeirinhos dóceis brincam de fazer política, a raposa trabalha rápido e ferozmente. Até quando vai a inocência das ovelhinhas coitadistas? Acordem ou serão devoradas.

Quo usque
Conforme dito antes, “Quo usque tandem abutere, Catilina, patientia mostra (até quando abusará da nossa paciência, Catilina)? Ou poderia ser, também, Quo usque tandem abutere, coronel, patientia nostra?

Catilina
Catilina era tão repulsiva que “alguns dos membros da nobreza taparam o nariz e apoiaram Marcu Cicero” (fonte: Como Ganhar uma Eleição, de Cícero).

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