Dr. João Ferreira – O estagiário do coronel

Todo coronel que se preze tem um cordão de puxa sacos para adulá-lo. Todos são capachos, incapazes de erguer a voz contra o mandonismo do autoritário e só servem ao projeto de poder deste. Há gente de toda espécie, mas um, em especial, sempre chama a atenção: o lambe botas oficial que serve como garoto de recados do ditador.

Ele é o responsável pela verbalização dos principais pensamentos do coronel, que, às vezes, acovardado, não quer confrontar seus adversários para preservar a sua imagem.

Não há honra e nem dignidade neste verme. Ele anda pelas sombras e não consegue luz própria. Precisa segurar na barra da calça dos poderosos para alcançar uma fração do poder que nunca terá em sua inteireza.

Embora tão desprezível quanto o próprio coronel, o pau mandado-mor é ainda pior porque é um fracassado em se tornar um líder por si só. Falta-lhe força e competência. Daí o motivo pelo qual se esgueira como um rato em busca de restos no lixo.

O lacaio maior do coronel tem como característica a verborragia, mas é vazio de alma. É um pastel de vento (na cabeça e no espírito). Usa um discurso empolado para enganar trouxas. É um encantador de burros, muito embora esteja mais para burro desencantado.

O eleitor precisa tomar cuidado com este tipo de sabujo. Embora arrote eficiência, ele é um total incompetente, que persegue e manifesta a síndrome do pequeno poder.

Enfim, por trás de todo coronel, existe um estagiário, ansioso por uma boquinha na máquina administrativa.

Porta estreita
Ao contrário de coronéis covardes que usam terceiros para denúncias, no dia em que este colunista realmente tiver que fazer uma, assinará embaixo. Porém, há mais o que fazer da vida do que buscar a satisfação pelo poder mundano. Há uma porta estreita para passar, e é ela que interessa no fim. Aliás, é mais fácil um camelo passar pelo buraco da agulha que um coronel entrar no Reino dos Céus.

Capivara
Embora com capivaras longas, os estagiários de coronel ainda sonham em morder os tributos dos contribuintes. Pode acontecer, mas estaremos atentos.

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