20 de setembro de 2024
OpiniãoZ2

Dr. Eduardo Ursolino – A dor de quem cuida

Na formação como profissional de saúde sempre ressaltamos a importância do vínculo com o paciente para uma boa evolução terapêutica. Exercitamos o nosso lado humano ao tocar no paciente, ouvir, olhar nos olhos, demonstrar a empatia, e nos pequenos gestos fornecer o acolhimento necessário, que de certa forma vai influenciar positivamente no tratamento. 

Atendemos diversos pacientes no nosso cotidiano, e ouvimos histórias diferentes, o que faz do nosso dia prazeroso, pois fazemos o que amamos e escolhemos para o resto de nossas vidas. Estamos sempre em busca pela cura, e quando isso não é possível, vamos aliviar a dor ao máximo, reduzindo os danos de modo que o paciente tenha uma melhor qualidade de vida. Essa é a nossa maior gratificação, ver a felicidade nos olhos do paciente não tem preço que pague. E existem os pacientes mais marcantes, que  nos presenteiam, nos exaltam, têm curiosidade sobre a nossa vida, e sempre terão um lugar guardado em nossos corações. 

Ao mesmo tempo que esses doentes nos contagiam, temos que ser profissionais e desenvolver internamente uma maneira de não sofrer com o sofrimento deles. Mas por trás de todo profissional de saúde existe um ser humano que sangra como todo mundo. Aqueles que trabalham em pronto socorro, salas de emergência, unidades de terapia intensiva, estão constantemente presenciando pacientes indo a óbito. Chega a ser natural falar sobre o assunto, e muitos dizem não se comover por já estarem acostumados, mas mesmo que seja inconsciente, vivenciam o sentimento de perda e impotência. 

Como dizia um grande professor da minha universidade: “o dia que não ficarmos tristes pela perda de um paciente, podemos rasgar o nosso diploma’’. Lidar com o luto não é uma missão simples, e nos exige preparo emocional. O profissional de saúde é de “carne e osso”, mas tem que agir como se fosse de “ferro”, pois inúmeros pacientes vão entrar e sair das nossas vidas, mas sempre existirá aqueles que nos marcaram, e de certa forma contribuíram para a nossa evolução como seres humanos.




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