14 de novembro de 2024
OpiniãoZ2

Luiz Carlos Cichini – Dose fatal

O que diferencia um remédio de um veneno é a dose. Já ouvimos isso alguma vez em nossas vidas. A quantidade certa do veneno mata, a quantidade errada do remédio também mata. Porém, tão perigoso e fatal quanto um veneno é o preconceito, que ainda insiste em se espalhar pela humanidade, encontrando raízes cada vez mais profundas na sociedade dita “moderna”.

Todos carregamos nossos preconceitos, em maior ou menor escala, frutos de nossas heranças históricas, religiosas ou familiares. Estabelecemos conceitos, julgamentos sobre nossos semelhantes sem conhecê-los a fundo, e nem é preciso muito para tal. A cor da pele, o gênero, a sexualidade, a profissão, a classe social a que pertencem, tudo é motivo para prejulgarmos.

O grande problema é quando esses prejulgamentos, que antes ocupavam os pensamentos e as rodinhas de conversas, alcançam terreno mais vasto e fértil, principalmente por conta das redes sociais. Pior ainda quando são proferidos dos púlpitos das igrejas, do Congresso Nacional, das Câmaras de Deputados e de Vereadores. Nas cidades interioranas ainda prevalece, infelizmente, uma visão mais tradicionalista, em que os valores morais e os bons costumes se sobressaem às liberdades individuais.

A dose fatal ocorre quando tais discursos preconceituosos, carregados de ódio, encontram apoio das massas e são justificados como liberdade de expressão, como simples exposição de uma opinião. E assim seguem defendendo o indefensável, transformando o errado em certo. O preconceito, esse veneno perigosíssimo, mata primeiro a alma, a dignidade do ser humano e, nos casos mais graves – e infelizmente cada vez mais frequentes – mata também o corpo…

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