Luiz Carlos Cichini – O laço que fica
Novembro já está batendo à porta e já se inicia, de acordo com algumas crenças religiosas, celebrando a memória daqueles que se foram desta vida para o outro plano. Dia de lembranças e, principalmente, de saudade.
Alguns visitam os cemitérios, levam flores às sepulturas, acendem velas e fazem suas orações por aqueles que já encerraram sua jornada nesta vida. Outros fazem suas orações no silêncio de seus corações, no aconchego de seus lares, recordando-se de tudo o que aprenderam com aqueles que já partiram.
As lembranças às vezes doem, algumas partidas foram inesperadas, trágicas ou prematuras. Outras ocorreram após uma longa vida muito bem vivida. O fato é que toda separação é dolorosa, e o luto tem duração diferente de pessoa para pessoa, não há um padrão a ser seguido.
Quando criança, tinha um certo fascínio por cemitérios. Não aquele movido pela excentricidade ou morbidez, mas o guiado pela curiosidade. Sabia que ali, por trás daquela arquitetura funerária, das placas de bronze com inscrições e dos retratos desbotados havia histórias, pessoas que passaram por esta Terra e deixaram sua marca, a sua contribuição.
As sepulturas sem identificação sempre me incomodaram. Era como se aquelas pessoas que ali foram sepultadas haviam sido esquecidas. Pensava comigo mesmo: é só o corpo que morreu, a alma continua e a memória deve permanecer…
Não havia passado pela experiência da perda de entes próximos ainda, e quando fui forçado a encarar a realidade do mundo sem meus pais e minha avó materna, que fizeram a derradeira viagem em um curto espaço de tempo, o mundo se desfez sob meus pés, e até hoje estou tentando reconstruí-lo.
Que jamais nos esqueçamos daqueles a quem muito amamos um dia, que sua memória seja honrada a cada dia de nossa existência e que façamos de nossas vidas uma eterna aprendizagem para que, quando chegar a nossa hora, deixemos aos que ficarem as boas e eternas lembranças de uma vida repleta de amor, paz e esperança…
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