Dr. João Ferreira – O amigo de todo mundo
Os políticos não são as pessoas mais bem quistas da sociedade porque nem sempre agem em conformidade aos desejos dos cidadãos comuns. Trata-se de um fato facilmente comprovado junto à população em geral. Exemplo: nossos políticos aumentaram o subsídio dos próximos vereadores para mais de R$ 7 mil. Os leitores pediram por isso? Decerto, não.
Contudo, há alguns políticos que exageram na ausência de percepção da própria inconveniência. Tivemos a oportunidade de ler uma promoção pessoal de pré-campanha (perfeitamente admitida pela legislação eleitoral) na qual um pré-candidato oferece opções de “qual mood do […] você está hoje”. Risivelmente, uma das opções é “amigo de todo mundo”.
A referida promoção pessoal (lícita) tem dois problemas: 1) exagera no uso do estrangeirismo, pois usa o vocábulo “mood” como se fosse corriqueiro (e não é), e 2) mostra uma característica inexistente no político que dela fez uso.
O político em questão jamais foi “amigo de todo mundo”. Pelo contrário. A sua natureza indica justamente o oposto.
Afinal, quem é “amigo de todo mundo” não diz que tem nojo e asco de jornalistas, não diz que jornalistas são urubus, não demite assessores de madrugada, não põe servidores no banco para receberem sem trabalhar, não demite servidora grávida, não persegue mulher de vereador, dentre outras coisas.
Quem faz isso é justamente inimigo de um monte de gente, embora possa angariar simpatia de um bom número de pessoas e até ser eleito para administrar uma cidade (ora, até o povo pediu um rei no lugar de Deus, conforme o livro de Samuel, na Bíblia Sagrada).
Voltando à promoção pessoal (lícita) tratada nesta coluna: é “cringe” (os mais jovens sabem o que significa) demais.
A tentativa de passar uma imagem mais jovial foi engraçada (no sentido pejorativo) e prova que as definições de vergonha alheia sempre podem ser atualizadas.
Os absurdos não param por aí, mas pouparemos os três leitores desta coluna das demais opções. Melhor ver o filme do Pelé, conforme dizem…
Queremos um coronel.
O povo tem o livre arbítrio para fazer as suas escolhas e, depois, precisa conviver com elas. Se querem um coronel, que assim seja.
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