19 de setembro de 2024
OpiniãoZ2

Luiz Carlos Cichini – Solitárias redes

Cada minuto livre do dia a dia é motivo para dar uma olhada nas redes sociais. Não é preciso mais ficar atrelado a um computador para executar tal tarefa, tudo pode ser feito na palma das mãos, através dos mais variados tipos de smartphones. Estar conectado se tornou uma necessidade. A onipresença e onisciência deixaram de ser atributos unicamente divinos, e todos podem estar em todos os lugares e saber de tudo o que acontece no mundo todo – ou seria no universo todo?

Uma roda de conversa com os amigos num barzinho ou numa pracinha? Pra quê? Conversa-se por mensagens em aplicativos, criam-se grupos e mais grupos com essa finalidade. Falar das experiências vividas, dos passeios ou viagens realizadas? Bobagem! Postam-se fotos e mais fotos, reels e toda sorte de vídeos editados e aguarda-se a enxurrada de likes e comentários.

E essa incessante busca por validação tem adoecido cada vez mais a humanidade. Estamos cercados de “amigos” e seguidores nas redes sociais, mas a interação cara a cara está cada vez mais rara. Não há mais a necessidade de olhar nos olhos, interpretar sorrisos, olhares, suspiros. Por trás da fria tela, criam-se falsas realidades, doces ilusões. Aumentam-se as distâncias, esfriam-se os sentimentos. É mais fácil isolar-se no mundo idealizado das redes sociais do que enfrentar a realidade, muitas vezes cruel, do cotidiano.

Creio que chegará a um ponto em que não conseguiremos mais nos reconhecer. Quem somos de verdade ou o que buscamos? O que é real e o que é fictício diante de nós? Quem são nossos verdadeiros amigos? Que sonhos ainda poderemos alimentar e realizar?

Estamos presos às redes com a promessa ilusória da vida perfeita e de felicidade constante. Contudo, devemos nos lembrar de que nem sempre seremos conectados para a liberdade e união. Nas águas, pelo contrário, os que se conectam às redes acabam perdendo para sempre sua tão valiosa liberdade…

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