23 de novembro de 2024
OpiniãoZ2

Antiella Carrijo Ramos – Um dia desejei ser Carrie Bradshaw

Ao longo do tempo fui desenvolvendo meus próprios métodos para escrever. Criei alguns hábitos que me ajudaram a organizar as ideias e os pensamentos. Geralmente, depois do tema escolhido, busco as palavras, que passam dias na minha cabeça. É comum eu ter a sensação de que as palavras voam de um lado para o outro, como se criassem asas, produzindo pensamento. E como num passe de mágica, elas se transformam em frases que, aos poucos, organizam o emaranhado de sentimentos que este processo produz.

As palavras e frases vão indicando as imagens, as narrativas e as memórias afetivas que pavimentam a escrita de cada texto. A escolha do título é a última etapa desse ritual e a contagem dos caracteres que sempre foi um problema, deixou de ser, quando passei a escrever no formato eletrônico. Muita gente me pergunta, de onde vem a inspiração? Ela vem de muitos lugares, mas, sobretudo, das histórias de vida, das relações de afeto, da arte, do trabalho, daquilo que leio e vejo, dos detalhes do cotidiano.

Para mim, escrever é a concretização de uma ideia. É a realização de um sonho pueril, uma janela que se abriu, quando muitas portas se fecharam. Tenho muitas memórias, nas diversas fases da vida, desse desejo de escrever sobre as coisas que vejo, sinto e penso. Me recordo das vezes que ficava imaginando ser a Carrie Bradshaw, do seriado Sex in The City. Não por sua elegância, beleza ou estilo, mas porque ela expressava o que sentia e o que a inquietava, escrevendo uma coluna semanal num jornal.

Me recordo da imagem da Carrie, personagem interpretada pela atriz Sarah Jessica Parker, escrevendo no computador, começando seus textos sempre com uma pergunta que dava o tom para cada episódio do seriado. Nesse tempo, a vida, que não era tão corrida e tão cheia de responsabilidade, ainda permitia que eu me divertisse com as séries na televisão, ao mesmo tempo em que eu ficava imaginando os caminhos que poderiam me levar um dia para este lugar.

Esse dia chegou e cá estou eu escrevendo para vocês. Hoje, particularmente, neste texto, rompi com meus próprios métodos e arrisquei a escrever livremente, sem planejamento e escolha do tema, simplesmente deixei verter em mim palavras que se juntaram e decidiram por conta própria descrever para vocês como acontece o processo da escrita dentro da minha cabeça.

Pensando bem, até tentei encontrar um tema para este texto, pensei até em escrever sobre algum detalhe da vida percebido nas minhas andanças pela cidade. Assunto não tem faltado, mas a rotina, um tanto desorganizada pela correria do dia a dia, me faz equilibrar muitos pratos e esta semana deixei pra lá os métodos e foi assim sem ideia nenhuma, que sentei para escrever e enquanto todos dormiam, eu imaginei, mais uma vez, ser Carrie Bradshaw e de repente me vi invadida por um sentimento de alegria e gratidão por ter chegado neste lugar que um dia eu imaginei estar. 

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