25 de novembro de 2024
OpiniãoZ2

Rapozo Castilho – Terra da cruz flamejante e dos blogs de papel

Alô, Santápolis, terra da cruz flamejante que espanta os índios ribeirinhos. Após umas semanas distante, estou de volta. Grande coisa. Santápolis, terra do arroz, do pão, da pimenta, do milho, da soja, da ração. Terra do boi porque tem bastante gado por aí. Não é terra da mortadela, mas também tem um punhado. Tem até mortadela que virou gado. Santápolis, a verdadeira Capital do Alimento. Aqui ninguém come doce ou bolacha, nem biscoito. Chupa, Marília!

VOLTANDO À REALIDADE
Mas vamos baixar a bola agora porque Santápolis é bem província ainda, né? Tem medo de crescer. Curioso que faz anos, a cidade se expande, mas parece não sair dos 47 mil habitantes. O Censo nem passa por aqui mais. Cidade abrindo bairro e construindo imóvel pro lado do vento e estão lá, os 47 mil habitantes. Deve ser filho saindo da casa dos pais. Incrível esse dado visto que o PIB Santapolense é maior que o de Bauru, maior que o de Ourinhos e maior que o de Assis,
segundo dados do IBGE.

PRA ISSO QUE EU PAGO IMPOSTOS
A cidade é rica, mas tem medo de crescer. Nem ponte quer construir. Na verdade o discurso é outro agora. A ponte já estava nos planos, só não vingou por causa de quem? Da Dilma, claro. Foi pedalar, perdeu a presidência e impediu construção da ponte. Baita lógica. Baita “dilmada” do vovô-garoto. 

HISTÓRIA DE CINEMA
Santápolis terra de artista, artista de cinema e de novela, terra que a Dona Vera adotou. Dona Vera que conheceu o Einstein. Que história, heim? Certa vez ela mesma me contou:
“estava em Viena, passando pela catedral Santo Estevão, apressada, sem tempo, porque havia combinado de almoçar com uma amiga. Então ouço o som de um suntuoso órgão vindo de dentro da igreja. Uma Ave Maria de Schubert, ou de Liszt, ou de ambos, não vem ao caso. Aquilo me paralisou. Decidi entrar. A catedral vazia. Lá adiante, aos teclados, um jovem de bigode e vasta cabeleira branca. Sentei e cerrei os olhos para admirar cada nota. No fim, elogiei. Que formidável, jovem rapaz, que talento, tive a impressão de que o tempo nem passou. Muito obrigado, milady, para mim passou muito rápido, gosto de tocar para passar o tempo, e me perdoe a indelicadeza, satisfação, Albert Einstein. Encantada, Dona Vera. Mas me diga Alberto, de onde veio esse talento? Desde jovenzinho mamãe me incentivou a tocar e como sou muito religioso, todos os dias, não importa o lugar em que eu esteja, sempre ao meio dia procuro uma igreja ou uma loja de pianos para interpretar Ave Maria. Sempre ao meio dia? Sim, meio dia. Mas meio dia de quem, digo, em relação a que? Alberto ficou encafifado e foi embora sem se despedir. Achei grosseiro, mas duas semanas depois ele lançou a Teoria a Relatividade.”        

TEM RATO QUERENDO SEU QUEIJO
Tudo é relativo. O poder também. É bem diferente ter poder e estar no poder. Quem tem poder nem precisa estar, nem quer. Tem gente inclusive que está no poder, mas parece não querer mais. Tem gente doida para perder a eleição. Faca e queijo na mão. Quem não comunica se trumbica. Dentro do castelo está tudo bem. Os súditos se regozijam. Os cegos do castelo. Fora das muralhas, há núcleos de insatisfação. Murmúrios de insatisfação tomando corpo. Um núcleo específico é de casa, é de onde o rei surgiu. Open your eyes, man. 

JÁ TÁ RESOLVIDO
Lixo veio à tona novamente. O velho problema que começou anos atrás, na administração passada, quando então decidiu-se de supetão terceirizar a coleta, jogando o lixo debaixo do tapete. A fatura chega agora. Na semana passada apenas um caminhão fazia a coleta em Santápolis. Lixo acumulado nas ruas. Estranho é que o problema ocorreu justamente às vésperas da eleição. Mas deixando as conspirações de lado, parece haver pouca saída. Entre voltar para a coleta via autarquia – o que demandaria tempo e dinheiro – e romper contrato com atual empresa – o que deixaria a cidade com lixo acumulado – a solução mais viável é um contrato emergencial. É preciso agir. Santápolis não pode virar a terra do lixo.

MAIS UM!
Não poderia deixar de me despedir sem mencionar o blog. Aliás, sei que tem vereador que gostou da coluna anterior. Para mim é uma honra ter leitor tão categorizado. E o blog, heim? Não é uma crítica, ok. Gosto dos blogs de papel. Me remetem ao tempo do onça onde a internet não existia nem em sonho e as fakenews eram coisa de primeiro de abril. Mas olha só. Santápolis me surpreende, sempre. Agora teremos dois blogs de papel. Que nostálgico o cheiro de tinta e papelão velho no café da manhã. Não vejo a hora de ler. Os dois. Tem figurão da política por trás do próximo blog de papel. Se bem que o outro também tem. 

“Todo poder do mundo não pode mudar o destino”
(Vito Corleone)

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* As colunas são de responsabilidade de seus autores e
não necessariamente representam a opinião do IBTVNews 

One thought on “Rapozo Castilho – Terra da cruz flamejante e dos blogs de papel

  • Professor Duzão

    Senhor Rapozo, é com muita alegria que leio seus textos, de verdade! Sabe quando você abre o link já sabendo que vem boas doses de ironia e já lê com as janelas dos olhos bem abertas para tal, é isso que eles me despertam! Parabéns pela acidez; a cerveja ou o café, certamente é por minha conta caso queira um dia, bater um papo, tenho certeza que será aprazível!
    Como sempre termina com um frase, terminarei também. Não com o Clássico Vito Andolini que mais tarde italianou pra Corleone, na fantástica trilogia de Copolla, mas com outro gênio da raça, lá vai:

    “Trabalhadores do mundo, uni-vos, vós não tendes nada a perder a não ser vossos culhões.”

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