Luiz Carlos Cichini – Inconsciência humana
Quando muitos dizem que o correto é lutar por todos os dias de uma consciência humana, e não por consciência negra, branca ou amarela, fico me perguntando que parte da história não entenderam, ou melhor, a qual aula de História deixaram de assistir e qual lugar de importância essa disciplina ocupa em suas vidas.
O dia 20 de novembro serve para nos lembrar das atrocidades cometidas durante séculos contra seres humanos que foram desumanizados por causa da cor de sua pele. Seres humanos que foram humilhados, torturados, tratados como animais, coisas, objetos, por aqueles que se achavam superiores por possuírem a pele branca. Como pode se achar superior um homem que escraviza outro?
Esta data exalta as constantes lutas das pessoas negras por seus direitos ao longo dos séculos, desde a libertação da escravidão à conquista dos mais diversos espaços na sociedade moderna. É uma luta constante, uma vez que o racismo estrutural ainda impera nos dias atuais. Só pode dizer com propriedade o que é racismo aquele que já sofreu racismo no cotidiano por simplesmente entrar em uma loja ou qualquer estabelecimento mais requintado e ser alvo dos olhares de todos ao redor. As situações são infinitas e cada vez mais absurdas.
E antes que alguém diga: “mas por que não tem o dia da consciência branca?”, a resposta é clara e bem simples: porque nós, brancos, neste “país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza” não fomos escravizados, não temos de lutar diariamente por nossos direitos e muito menos contra o preconceito.
O discurso de amor e igualdade pregado por muitos bem que poderia, um dia, sair do papel e se tornar realidade. Assim, a consciência humana poderia ser celebrada todos os dias. Entretanto, nada excluiria as atrocidades que mancharam nosso passado como povo brasileiro, e é função da história não deixar que nos esqueçamos disso…
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