23 de novembro de 2024
OpiniãoZ2

Luiz Carlos Cichini – Luz na escuridão

Fanatismo e inteligência nunca combinaram. A inteligência é expansiva, aberta, analista, crítica. O fanatismo é limitado, fechado, superficial, medíocre. Enquanto uma ilumina o caminho, o outro é cego. Enquanto ela aceita diferentes visões e está aberta ao diálogo, ele é unilateral e não dialoga, apenas impõe suas crenças como verdades absolutas.

O fanatismo político gera divisões entre familiares, amigos ou colegas de trabalho. Transforma desconhecidos em verdadeiros inimigos, que se digladiam através de postagens e comentários recheados de ódio nas redes sociais. Defendem com unhas e dentes os “santos homens de terno e gravata” que fazem da política um meio de ascensão pessoal e deixam de lado o verdadeiro propósito para o qual foram eleitos: lutar pelo bem estar do povo. Enquanto o povo, cada vez mais sofrido, se mata verbal ou fisicamente para defender seus ídolos “mitológicos”, os que vivem da política – em sua maioria – se refestelam cada vez mais com o dinheiro público. Mal sabem da existência dos muitos que se doam inteiramente para defender seu santo e imaculado nome.

O fanatismo religioso, tão nocivo quanto o anterior, faz com que homens e mulheres acreditem que sua crença é a única que verdadeiramente leva à salvação. Creem piamente que receberam diretamente das mãos divinas o poder de decidir quem vai ou não desfrutar do descanso eterno no paraíso, ao lado do Pai, entre o coro dos anjos e dos santos. São o povo eleito, e qualquer profissão de fé diferente da sua é tida como errônea, falsa e imoral. Demonizam as “coisas do mundo”, a arte, a cultura, em tudo enxergam blasfêmias e exigem reparação daqueles que nem mesmo comungam de sua fé. Veem todas as catástrofes e suplícios como castigos divinos, a ira de Deus que ataca a toda a humanidade, sem exceção, por causa de um certo desfile de carnaval ou de uma “Santa Ceia imoral” na abertura das Olimpíadas – o que é que uma coisa tem a ver com a outra mesmo?

O fanatismo simplesmente ignora a verdade dos fatos, não acredita em provas, na ciência. Toma como verdade aquilo que acredita ser a verdade e luta com unhas e dentes para que seu ponto de vista prevaleça. Nem mesmo o avanço tecnológico e a facilidade de acesso a uma grande quantidade de informações na palma de nossas mãos foram capazes de reduzir os danos causados por esse verdadeiro vírus. Muita luz ainda será necessária para iluminar os caminhos daqueles que ainda insistem em caminhar na escuridão…

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