Antiella Carrijo Ramos – Até a Próxima Temporada

Definir o tema deste texto foi quase uma missão impossível. Inquieta e mais agitada que o normal, cheguei a pensar que a minha tensão pré-menstrual, com tantas oscilações de humor, estaria comprometendo a minha criatividade. Também responsabilizei o excesso de compromissos na agenda pela ideia que não vinha na cabeça. Passei dias buscando referências e palavras que possibilitassem a construção de um pensamento e foi assim que percebi o desconforto que alterava a minha capacidade criativa.

É óbvio que os hormônios e a agenda superlotada possuíam sua culpa, mas a verdade é que o desconforto vinha do emaranhado de emoções, típico daqueles momentos em que encerramos ciclos para começar outros. Dar um passo importante na vida faz a gente se sentir assim e deste modo acabei me dando conta que a última coluna desta temporada, só poderia ser uma carta de despedida, porque mesmo que seja uma despedida temporária, esse até logo merecia ficar registrado.

Todo processo de mudança gera desequilíbrio e desconforto, nem que seja por um pequeno instante. Toda mudança é uma crise que nos obriga a sair da nossa zona de conforto, para nos lançarmos ao desconhecido. Enfrentar situações novas requer o desenvolvimento de estratégias diferentes, o que gera medo, insegurança e muitos picos de ansiedade.

O poeta, João Guimarães Rosa, estava certo, o que a vida quer da gente é coragem e não importa a circunstância. E assim fui organizando as ideias, as palavras foram surgindo na minha cabeça, se juntando umas com as outras, virando frases soltas que ainda careciam de conexão, sentido e emoção. Toda ideia que surgia parecia que não vinha do coração, partia de uma lucidez objetiva demais para a ocasião.

Continuei insistindo na elaboração do pensamento, tentei acessar o coração e foi uma música, que eu escutava quando era criança, que fez transbordar a emoção que eu precisava para aquietar o coração, sentar e escrever. A música tem o poder de nos conectar com os nossos sentimentos, alguns acordes já são suficientes para iniciarmos uma viagem no tempo e trazer ao presente lembranças esquecidas. Uma melodia simples é capaz de despertar emoções, provocar sorrisos, marejar olhares e, por instantes, somos capazes de esquecer as dores e as preocupações.

Acredito que existe sempre uma música capaz de sintetizar e explicar aquilo que sentimos e pensamos e, desta vez, foi uma música da Xuxa que me fez voltar no tempo. Sim! Eu fui uma menina que adorava a Rainha dos Baixinhos e para mim é quase impossível não me emocionar quando toca na rádio a música “Lua de Cristal”. Podem me julgar! Aos 42 anos, eu já perdi o medo de me expor e de me parecer ridícula.

A verdade é que essa música é um hino de otimismo e esperança que marcou gerações, uma metáfora de uma luz que guia, inspira, transforma a vida em algo cheio de possibilidades e nos convida a acreditar em nossos sonhos, apesar dos desafios que encontramos pelo caminho. Por alguns instantes, vi a Antiella criança dançando na sala de casa, imaginando e sonhando coisas que hoje são realidades.

De repente, enquanto escutava a música no rádio do carro, fui invadida por um sentimento de gratidão por ter realizado sonhos, sem perder o desejo de continuar sonhando e esteja o meu destino onde estiver, eu vou tentar a sorte e ser feliz. Até logo, queridos leitores do IBTVNews! Até a próxima temporada!

______
* As colunas são de responsabilidade de seus autores e
não necessariamente representam a opinião do IBTVNews