20 de setembro de 2024
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Celso e Junko Sato Prado – Maçonaria inaugural em Santa Cruz do Rio Pardo

– A Loja Maçônica ‘União Paulista’

O Boletim [mensal] do Grande Oriente do Brasil – GOB, número 3, mês de Maio de 1891: 93 e 94, traz publicação do Extrato da Sessão Ordinária de 08 de maio de 1891 que, entre as decisões, resolve autorizar a instalação e regularização da União Paulista junto ao Grande Oriente de São Paulo – GOSP.

No mesmo 1891 presente, em Santa Cruz do Rio Pardo, a Loja Maçônica ‘União Paulista’, Rito Adonhiramita, vinculada ao Oriente de São Paulo (Boletim [Mensal] Grande Oriente do Brasil – GOB, Março de 1892: 35), instalada por João Raul Gonsalves [Gonçalves] da Silva, mais conhecido como Raul Silva, iniciado maçom na ‘Loja América’, da capital paulista, um dos grandes nomes da maçonaria bandeirante (Grande Oriente do Estado de São Paulo, Boletim 10º fascículo – junho de 1911: 190).

Raul agregara na ‘União Paulista’ de Santa Cruz do Rio Pardo, maçons já residentes e os que chegavam, vindos de lugares diversos, que se reuniam naquele casarão para os exercícios de seus ritos, estudos e complementos de ações sociais. A ‘Loja’ teve o primeiro endereço santa-cruzense, à Praça Marechal Deodoro, num terreno diviso à Igreja Matriz (Correio do Sertão, semanário local, 03/05/1902: 1).

– Raul Silva, assim melhor identificado, teve intensa participação na sociedade santa-cruzense de sua época, provisionado e depois advogado, promotor público interino, votante em 1893, também fundador e editor do hebdomadário ‘O Paranapanema’, em 1895, o primeiro em Santa Cruz do Rio Pardo.

– Pela participação, como loja organizada, ainda que não oficialmente estatuída, a ‘União Paulista tem preexistência ao cisma de 28 de maio de 1893’.

A ‘União Paulista’ esteve em situação de dissidência no ano de 1893, juntamente com sete lojas da maçonaria paulista rompida com o ‘Grande Oriente do Brasil’, aos 28 de maio de 1893. Ato do ‘Grande Oriente do Brasil’, naquele ano, declarou espúrio o grupo das sete lojas aderentes: ‘Roma’, ‘Sete de Setembro’, ‘Vinte de Setembro’, ‘Harmonia e Caridade’, ‘Amizade’ e ‘União Paulista’ encabeçadas pela ‘América’ (Maçonaria Paulista. In: Boletim do Grande Oriente do Brasil, 1893, ano 18. n. 3. p. 102).

Nenhuma das lojas paulistas, espúrias ou não, tinham estatutos em conformidade com a Lei [Federal] nº 173, de 10 de setembro de 1893, e a primeira a registrar-se foi a ‘Loja Amizade’, à igual data que assim procedeu o ‘Grande Oriente Maçonico de São Paulo’ (DOSP, 09/10/1894: 12).

A denominação ‘União Paulista’ era marca exclusiva para a loja de Santa Cruz, em 1902, estando entre aquelas que, “Por Decreto nº 5 do Grande Oriente Estadoal, foram eliminadas do quadro geral de matriculas” (Correio do Sertão, 15/11/1902: 2, Eliminações – edital).

Após o Raul Silva, a ‘União Paulista’ e o coronel João Baptista Botelho, prestigioso chefe político na época, ajustaram-se.

– Famoso nome na história maçônica local, Bernardino Antonio Pereira de Lima, foi componente da ‘Loja Maçônica de Lençóis Paulista’ desde 1876, depois se filiou à Loja ‘União Paulista’ aos 03 de junho de 1896, quando Secretário o senhor João Castanho de Almeida Junior.

A Igreja [Católica], visando ampliação da Praça onde pretendia-se a nova Matriz, adquiriu o terreno da loja maçônica. Segundo reportagem do Correio do Sertão, a situação que parecia simples complicou-se porque a Loja “não é pessoa juridica, razão porque ainda não recebeu escriptura do terreno onde foi edificado o templo.” (Correio do Sertão, 03/05/1902: 1).

Igreja e a União Paulista, acertadas as documentações, confirmaram a transação através dos lançamentos da Igreja com despesas de escritura e demolição do prédio. O Correio do Sertão, de 30 de agosto de 1902 confirmava a transação através dos lançamentos de despesas com a escritura e a demolição do prédio.

Desde 1902 a ‘Loja’ já não funcionava no endereço Praça Marechal Deodoro, posto estabelecida à rua Visconde de Pelotas – hoje Farmacêutico Alziro de Souza Santos, em partes onde posteriormente construído o Icaiçara Clube.

No ano de 1905 a ‘União Paulista’, foi integrada ao ‘Grande Oriente e Superior Conselho do Brasil’, conforme edital e o diploma expedido pelo órgão, de 23 de julho de 1905, ao maçom ‘Constâncio Carlos da Silva – União Paulista de Santa Cruz do Rio Pardo’. Desde 1908 não se tem mais notícias da Loja ‘União Paulista’ em Santa Cruz do Rio Pardo.

No ano de 1927 consta em funcionamento a ‘Loja União Paulista nº 34’, na capital paulista (Diário Oficial [de Estado de] de São Paulo, 03/09/1927: 6601), posteriormente destacada atuante na Revolução de 1932, citado membro o dr. Julio de Mesquita Filho, então dirigente do jornal ‘O Estado de São Paulo’, e outros ilustres nomes paulistas (Forato – Denílson, M.’.I.’, A Revolução Constitucionalista de 32 e a Maçonaria Paulista, A.’.R.’.L.’.S.’. Fraternidade e Amizade: 321 GOP-COMAB Brasil).

– Julio de Mesquita Filho era sobrinho de Julio de Cerqueira Cesar, este outrora residente em Santa Cruz do Rio Pardo, dono de imóvel onde funcionou a Loja ‘União Paulista’ após deixar a Praça Marechal Deodoro.

O histórico de fundação da Augusta e Benemérita Loja ‘União Paulista’, Capital, tem como data de fundação 22 de maio de 1891, (Seção Ineditorial do Diário Oficial de São Paulo, de 09 de novembro de 1934: 9, Edital de Regularização), ou seja, na mesma época que instaurada em Santa Cruz do Rio Pardo, por Raul Silva.

Segundo a ARLS – ‘Augusta e Respeitável Loja Simbólica’, da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo, a ‘União Paulista nº 34’ foi fundada em 22 de abril de 1891, em São Paulo – capital, (https://www.up34.com.br/), com divergência do mês comparado ao Ineditorial que menciona 22 de maio de 1891.

Reuniões, burocracias e finalizações documentais, apontam corretas as datas, conforme depreendido do Extrato da Sessão Ordinária de 08 de maio de 1891 (GOB, número 3, mês de Maio de 1891: 93 e 94).

A juízo dos autores, que ainda pesquisam o assunto, o histórico da ‘União Paulista nº 34’ é incorreto, pois, em 1891 apenas uma Loja Maçônica com tal denominação existia no Estado de São Paulo, justamente a santa-cruzense. A ‘União Paulista nº 34’, na ausência de documentos, atribuiu a si antiguidade nominal.

Atualmente outras Lojas Maçônicas identificam-se ‘União Paulista’, conhecidas as ‘União Paulista número 879’, à Av. João Barth n° 865, em Itapetininga – SP; a ‘União Paulista I nº 434’, à rua São Joaquim 457, Bairro da Liberdade, São Paulo, e a citada ‘União Paulista’ nº 34, também à Rua São Joaquim, 138 – 2o. andar, Bairro: Liberdade, São Paulo.

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