24 de novembro de 2024
OpiniãoZ2

Antiella Carrijo Ramos – Curam, Acalmam, Aliviam e Temperam

Eu me lembro de um dia em que cheguei da escola com muita cólica menstrual. No auge dos meus quinze anos, eu ainda não sabia como lidar com aquela dor. Minha mãe não estava e eu acabei sendo socorrida pela minha vó Maria, que morava bem perto da nossa casa. Minha vó sempre falava do tal poejo, ela mantinha uma plantação enorme que tomava conta de boa parte do seu canteiro de hortaliças. Ela me fez um chá bem forte, me garantindo que ele acalmaria aquela dor. E foi como num passe de mágica que a poção fez efeito, a dor passou e eu acabei adormecendo, sob os olhares atenciosos e cuidadosos daquela mulher que sabia o que estava fazendo.

Poejo e muitas outras plantas têm poderes terapêuticos. Denominadas plantas medicinais, elas são a medicação mais antiga conhecida na história do mundo e repassada de geração a geração. Elas possuem ação farmacológica e ajudam na cura e no tratamento de várias doenças e enfermidades.

Além disso, muitas delas são utilizadas na culinária, na produção de cosméticos e até em banhos de purificação que eliminam a inveja e todo tipo de mau olhado. As plantas medicinais curam, acalmam, aliviam e temperam. Resgatam o saber popular que está conectado com a ancestralidade que vem dos povos indígenas e dos negros escravizados que chegaram ao Brasil, no período Colonial. Um conhecimento produzido a partir da experiência popular, que se perpetuou na cultura do povo através do cultivo de plantas e da produção de receitas que se fortaleceram através da oralidade. As mulheres são protagonistas nesse processo e se tornaram guardiãs desses saberes ancestrais.

Recentemente, numa expedição ao rio Pardo, tive conhecimento da existência de uma planta com propriedades medicinais e muito comum na mata ciliar do rio. Na ocasião, os moradores me contaram que a “erva de lagarto” era um santo remédio para as inflamações da pele. Fiquei intrigada com a informação, eram muitas histórias que comprovavam a eficácia do seu poder curativo.

Naquele dia, ao chegar em casa, fui pesquisar sobre a tal planta e constatei que seus poderes curativos eram comprovados cientificamente. Foi assim que percebi que conhecer mais sobre as plantas e ervas medicinais, nativas e cultivadas no território, seria uma oportunidade para nos aprofundar nas histórias e narrativas da comunidade, numa perspectiva nunca antes explorada pelo CRAS Betinha, unindo saber popular e saber científico, numa empreitada para produzir conhecimento, articular pessoas, intervir na realidade e estimular a vida comunitária.

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One thought on “Antiella Carrijo Ramos – Curam, Acalmam, Aliviam e Temperam

  • Anônimo

    Ótimo o noticiário, ficamos por dentro de tudo, e informações excelentes, como de Antielle, e não só, muitas notícias positivas de trabalhos sociais da cidade, …
    Parabéns

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